quinta-feira, 30 de outubro de 2008

As maiores contradições do marketing multinível

26 10 2008

Nesse artigo compilamos uma lista das maiores contradições nas promessas de marketing multinível. O marketing multinível é um dos ramos com as promessas mais exageradas para com seus novos recrutas, no entanto, uma vez que um recruta fracasse no negócio, os lideres terão na ponta da lingua uma explicação para esse fracasso, mesmo que essa explicação seja contraditória com certas promessas feitas pelos promotores quando estão recrutando pessoas.

Na primeira coluna da tabela abaixo listamos promessas feitas pelos promotores de MMN quando estão recrutando, na segunda coluna temos uma explicação caso o recruta fracasse, no entanto essa explicação contradiz a promessa da primeira coluna.

Por exemplo, é comum as empresas de MMN alegarem que o MMN é um negócio de investimento baixo com retorno rápido, no entanto, caso algum recruta desista do negócio, o mesmo irá ouvir dos lideres que fracassou porque permaneceu pouco tempo no negócio, tempo insuficiente para recuperar o investimento. Ora, mas eles não prometeram que o negócio tinha retorno rápido? Eis mais exemplos abaixo, as palavras em negrito ressaltam a contradição envolvida em cada promessa:

O que eles alegam para recrutar uma pessoa? O que eles alegam caso essa pessoa fracasse no negócio MMN?
MMN é um negócio de investimento baixo e retorno rápido No mercado tradicional o negócio pode levar anos até trazer lucros
Qualquer um pode fazer MMN. Aqui não importa tua cor, raça ou religião. O MMN é para todos, mas nem todos são para o MMN
Trabalhe nas suas horas vagas Você trabalhou pouco. Já viu alguém obter sucesso trabalhando apenas duas horas por dia?
Negócio simples Você não frequentou as reuniões e por isso não aprendeu tudo sobre o negócio, por isso fracassou.
Produto de grande aceitação. Você já viu produto de qualidade ser vendido a preço baixo? Nosso produto é o melhor, por isso temos esse preço alto.
Não é preciso vender! Tuas vendas foram fracas, por isso você fracassou.
Não é pirâmide! Você não recrutou o suficiente.
Desfrute mais tempo com a familia! Você deveria ter frequentado mais eventos em finais de semana, por isso fracassou.
Renda extra! Se você não investir não tem como ganhar.
Eu tenho certeza que você é um vencedor! A culpa é toda sua, você é um perdedor fracassado. A culpa não é do MMN, o sistema é perfeito!
Se você investir em grandes estoques terá grandes lucros! Ninguém mandou você se endividar para comprar produtos!
Você está preparado, chegou a sua vez, agora é a hora de você acontecer no MMN. É, você ainda não estava preparado para o MMN, por isso fracassou.

domingo, 26 de outubro de 2008

Estou copiando aqui todos os textos interessantes que tenho lido ultimamente.
Estou lendo os textos de Augusto Franco.
Nas novas iniciativas de promoção do desenvolvimento local em que estou envolvido, tenho procurado incorporar algumas lições importantes que aprendi nestes últimos cinco anos e que começo a compartilhar agora com os interessados.

PRIMEIRA LIÇÃO | Em primeiro lugar, não se pode promover o desenvolvimento sem fazer política. Existem muitas evidências de que os problemas ocorridos em programas de indução ao desenvolvimento local são, em sua maior parte, de natureza política. Os casos são variados: às vezes é o prefeito que não acredita ou tem medo, ou o governador que não quer, ou um outro chefe político que não vê com bons olhos o surgimento de novas lideranças que tendem a crescer em visibilidade e credibilidade. Às vezes são as instituições locais que não se entendem e disputam o tempo todo entre si em um clima adversarial, ninguém querendo colocar azeitona na empada do outro. E às vezes são vaidades pessoais que atrapalham tudo, quando as lideranças da localidade se comportam como se estivessem em um concurso de beleza. Para contornar tais problemas precisamos fazer política, exercitar nossa capacidade de articulação política. Essa capacidade não é inata, não é assegurada por um gene, mas tem que ser adquirida (e pode ser aprendida).

SEGUNDA LIÇÃO | Em segundo lugar, não se pode colocar nas mãos de uma instituição (seja ela qual for, governamental ou não) a responsabilidade por promover processos de desenvolvimento local. Se fizermos isso, com toda a certeza, mais cedo ou mais tarde, teremos problemas. Pois nada garante que uma instituição manterá a mesma linha de atuação e a mesma disposição de investir recursos humanos, materiais ou financeiros. Pode acontecer, por exemplo, de mudarem os dirigentes dessa instituição (como é normal e desejável). Aprendemos, às custas de algum sofrimento, que o desenvolvimento local deve ser local mesmo. Ou seja, não pode ser patrocinado ou apadrinhado por ninguém de fora. A rigor, nem de dentro. Se isso ocorrer, as pessoas não assumirão suas responsabilidades, nem se virarão para captar novos recursos, pois ficarão esperando alguma coisa que virá de fora ou de cima. Ora, se for assim, não tem desenvolvimento local, que é – por definição – capacidade de identificar ativos internos, dinamizar potencialidades endógenas e aproveitar oportunidades a partir de uma inteligência coletiva formada localmente. O que fazer então para resolver esse problema? Não há outro caminho senão constituir parcerias entre instituições e pessoas da própria localidade, mobilizando amplo voluntariado local. Se isso não for possível, também não será possível promover o desenvolvimento local. E, assim, não devemos perder tempo tentando fazer o impossível: é melhor ir logo cuidar de outra coisa.

TERCEIRA LIÇÃO | Em terceiro lugar, não se pode deixar o trabalho de indução do desenvolvimento local nas mãos de um conjunto de instituições (mesmo que sejam instituições locais). Ou seja, o sujeito impulsionador do desenvolvimento local não pode ser um conjunto de instituições (mesmo que queiramos, indevidamente, chamar tal conjunto de “rede” – pois que, em geral, não é rede coisa nenhuma e sim uma frente de instituições hierárquicas, cada qual com seu interesse particular no processo, interesse que, muitas vezes, não casa perfeitamente com os objetivos mais gerais do processo). Assim, aprendemos também a não apostar tudo apenas em Fóruns ou Agências de Desenvolvimento constituídos por representantes de instituições, a não ser que essas instâncias estejam suficientemente capilarizadas, ligadas no dia-a-dia das pessoas da localidade. Se fizermos isso acabaremos constituindo um grupinho mais ou menos isolado da população e, passado algum tempo, começaremos a reclamar que faltam recursos para contratar pessoas ou que ninguém vem na reunião, que está todo mundo muito ocupado com seus próprios assuntos, que ninguém quer colaborar com o coletivo. Para resolver esse problema descobrimos a solução da rede de desenvolvimento local (ou rede do desenvolvimento comunitário). Se estamos querendo induzir o desenvolvimento em uma localidade a partir dos recursos da própria localidade (outra boa definição de desenvolvimento local), então temos que ter, no mínimo, 1% das pessoas dessa localidade envolvida no processo. Só assim teremos a capilaridade suficiente para mobilizar contingentes maiores de voluntários. Só assim não ficaremos isolados da população, sem condições de disseminar mensagens molecularmente pela rede e sem condições de alavancar recursos novos que farão toda diferença.

Resumindo as três primeiras lições aprendidas: 1º) A indução do desenvolvimento local é um processo político, que exige muita articulação política para se concretizar; 2º) O desenvolvimento local não pode ter pai, padrinho ou patrocinador externo ou interno; 3º) O sujeito do desenvolvimento local é a rede social que existe na localidade e nosso papel (como agentes de desenvolvimento) não é fazer as coisas pela população e sim aumentar a conectividade e o grau de distribuição dessa rede, incorporando as pessoas – não como massa, mas uma-a-uma – no exercício compartilhado de visão de futuro, na elaboração do plano de desenvolvimento, na formulação da agenda de prioridades e na realização dessas prioridades.

Tudo indica que, se conseguirmos fazer isso, teremos mais chances de obter uma combinação virtuosa de esforços de todos os setores – governamentais, empresariais e sociais – e de uma boa parcela das pessoas (enquanto indivíduos mesmo, voluntários) na tarefa de promover o desenvolvimento da localidade em que atuamos. Se não conseguirmos, infelizmente, nossas chances serão bastante reduzidas.

No entanto, alguns leitores destas cartas me perguntam como proceder em relação às redes sociais. Como articulá-las e animá-las? Andamos quebrando a cabeça com esse problema e, a partir do infalível (e insubstituível em uma democracia) processo de tentativa-e-erro, também aprendemos alguma coisa (que tento resumir abaixo, na forma de uma quarta lição):

QUARTA LIÇÃO | Quem quer articular e animar redes sociais deve resistir às quatro tentações seguintes: de fazer redes de instituições (em vez de redes de pessoas), de ficar fazendo reunião para discutir e decidir o que os outros devem fazer (em vez de, simplesmente, fazer), de tratar os outros como “massa” a ser mobilizada (em vez de amigos pessoais a serem conquistados) e, por último, de querer monopolizar a liderança (em vez de estimular o fenômeno da emergência da multiliderança).

Resistir à tentação de fazer redes de instituições (entidades, organizações). Muitas vezes é necessário, para começar um projeto ou mesmo para dar respaldo à sua implantação, reunir instituições em torno de um propósito. Pode-se até chamar esse conjunto de instituições de rede. No entanto, redes propriamente ditas, ou seja, redes distribuídas, não podem ser compostas por instituições hierárquicas (centralizadas ou descentralizadas, quer dizer, multicentralizadas). Redes distribuídas devem ser de pessoas (P2P). Portanto, é necessário conectar as pessoas diretamente à rede, mesmo que essas pessoas ainda imaginem estar ali representando suas instituições. Ocorre que um membro conectado à rede não pode ser substituído por outro membro da mesma instituição (nenhuma pessoa é substituível em uma rede). Além disso, as redes devem ser compostas pelas pessoas que queiram delas participar, independentemente de estarem ou não “representando” instituições (redes não são coletivos de representação, mas de participação direta – sem mediações de instituições hierárquicas).

Resistir à tentação de fazer reuniões de discussão ou de deliberação com os membros da rede. Rede é uma forma de organização não-baseada no ajuntamento, no arrebanhamento, no confinamento de pobres coitados numa salinha fechada, onde, em geral, se discute o que outros (que não estão ali) devem fazer. Sim, pois se for para fazer alguma coisa, então não se trata de reunião de discussão e sim de atividade coletiva. Outra coisa nociva é a tal da reunião para decidir, sobretudo pelo voto. Isso é um desastre. Se houver necessidade de votar para decidir é sinal de que o assunto não está maduro. Se estivesse, a solução se imporia naturalmente.

Ter sempre presente que fazer rede é fazer amigos. Tão simples assim. Então as pessoas devem estabelecer comunicações pessoais entre si, uma-a-uma. Cada membro da rede é um participante único, insubstituível, totalmente personalizado, que deve ser tratado sempre pelo nome, valorizado pelo que tem de peculiar, incluído pelo reconhecimento de suas potencialidades distintivas. Nada, portanto, de circulares impessoais, panfletos, chamamentos coletivos. Nada de mobilização de massa. Quem gosta de massa são os candidatos a condutores de rebanhos, que estabelecem uma relação vertical, autoritária e paternalista com o povo.

Levar em conta que rede é um campo para a emergência do fenômeno da multiliderança. Cada um pode ser líder em algum assunto de que goste, domine e a partir do qual seja capaz de propor iniciativas que são acolhidas voluntariamente por outros. Redes não podem ter líderes únicos, líderes de todos assuntos, dirigentes autocráticos que tentam monopolizar a liderança e impedir que os outros a exerçam.

Até a ‘Carta Rede Social 152’ e um abraço do

Augusto de Franco
augustodefranco@gmail.com

22 de novembro de 2007.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Atualmente as mudanças em nível social das estruturas locais de poder, vêm sendo vivenciadas, associadas à reforma do estado, onde pouco a pouco aumentam a participação de atores sociais na construção de espaços de cidadania, através de programas de participação em governos locais e novas modalidades de intervenção de atores da sociedade civil na gestão pública.

Para CORIOLANO (2003)
O desenvolvimento, para ser definido como social, precisa estar voltado às necessidades humanas, tornar as pessoas auto-independentes e habilitadas para o trabalho e para a vida comunitária. Implica o desenvolvimento dos indivíduos como pessoas e como grupo, organizados como sociedade civil para se tornarem protagonistas de seu desenvolvimento e do desenvolvimento de seu lugar.


Os problemas ambientais e a análise da destruição ou da proteção dos recursos naturais fizeram com que se percebesse a existência de comunidades que são capazes de utilizar e conservar estes recursos ao mesmo tempo. Segundo GUIMARÃES [s.d] “já há um reconhecimento generalizado no mundo sobre a seriedade dos problemas ambientais que nos afetam na atualidade. Certamente esse reconhecimento pode ser considerado um avanço se comparado ao de trinta ou quarenta anos atrás, quando estes eram desconsiderados pela opinião pública.”
Para o autor a “interveção antrópica que degrada o meio ambiente não é uma condição inata dos seres humanos, mas o resultado das relações sociais constituídas e constituintes de um meio de produção, promotor de um modelo de desenvolvimento, que imprime uma forma de relação entre sociedade e natureza”.
As chamadas populações tradicionais são entendidas como as comunidades que vivem a várias gerações em um determinado ecossistema em estreita dependência do meio natural para sua subsistência, e que utilizam os recursos naturais de forma sustentável.

O conceito de população tradicional é mais abrangente, atingindo comunidades que não vivem do extrativismo como, por exemplo, os artesãos e artistas que perpetuam a cultura. O tradicional encerra valores que podem perpetuar, mas não são sinônimos de populações atrasadas ou refratárias ao progresso ou a modernização, pois uma população tradicional tem principal característica sua relação com ao meio ambiente.
A Constituição Federal diz que os Povos e Comunidades de Culturas Tradicionais são grupos que possuem culturas diferentes da cultura predominante na sociedade e se reconhecem como tal. Estes grupos devem se organizar de forma distinta, ocupar e usar territórios e recursos naturais para manter sua cultura, tanto no que diz respeito à organização social, quanto à religião à economia e à ancestralidade. A utilização dos recursos naturais deve ser feita através de conhecimentos, inovações e práticas que foram criados dentro deles próprios e transmitido oralmente e na prática cotidiana pela tradição.


BIBLIOGRAFIA
CORIOLANO, L. N., LIMA, Luiz Cruz (Orgs). Turismo Comunitário e Responsabilidade Socioambiental. Fortaleza: EDUECE, 2003.
GUIMARÃES, M. Armadilha Paradigmática na educação ambiental. In: Loureiro, C.F. Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez Editora, [s.d].
PINTO, W. Ciência e tradição se unem em Jararaca: Pesquisa e extensão atuam juntas em projeto, em comunidade em Bragança. Jornal Beira do Rio nº 60, abril de 2008. disponível emhttp://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira60/noticias/rep7.html

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Van Gogh e o Sol de Arles


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Nos meses finais de 1888, dois gênios da pintura, ainda que desconhecidos em seu tempo, encontraram-se em Arles, no sul da França. Vicent Van Gogh e Paul Gauguin eram diferentes em tudo, do temperamento ao físico, só afinavam na idéia de que era preciso ir atrás do sol para que o grande astro lhes ensinasse os caminhos da pintura moderna.

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Ainda que a estadia deles juntos naquela pequena cidade não tenha chegado a ultrapassar dois meses, permeada por desavenças de toda ordem, ela foi mutuamente enriquecedora. Gogh aspirou um ar estético de Gauguin e este, ao mudar-se depois para o Taiti, levou a cabo a idéia de Gogh de encontrar algum lugar onde o sol imperasse sempre.

O Salão de 1874


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Auto-retrato de Gauguin, 1888

Por terem sido rejeitados numa grande exposição de pintura que anualmente era realizada em Paris, um grupo um tanto irreverente de artistas decidiu-se por realizar uma mostra paralela, produzindo com ela um grande escândalo: o salão dos impressionistas, como o evento foi posteriormente batizado. Ele deu-se no salão do fotógrafo Félix Nadar, que abriu suas portas no dia 15 de abril de 1874, expondo as telas de Auguste Renoir, Edgar Degas, Alfred Sisley, Berthe Morisot, Claude Monet, e outros tantos que não conseguiram se perpetuar. De certo modo era a reedição do Salon des Refusés, que ocorrera em 1863 em razão do escândalo provocado pela tela Déjeuner sur l'herbe de Manet (1832-1883), classificada pela imperatriz Maria Eugênia como "impudica", sem que entretanto provocasse a celeuma e a verdadeira revolução que a exposição de 1874 causou. O salão de 1874 também foi filho de um movimento anterior que buscava inspiração no ar livre, liderado por Eugène Delacroix, Eugène Fromentin e Théodore Chassériau, todos eles mobilizados pela palavra de ordem "il faut sortir de l'atelier!", era preciso sair-se do atelier. A crítica os tachou de preguiçosos fabricantes de borrões para baixo e, como em tantos outras oportunidades, a palavra "impressionistas", como pejorativamente foram apelidados, tornou-se o lema da bandeira estética deles. Seja como for, a exposição de 1874 marcou o declínio da arte acadêmica e deu impulso a uma extraordinária desordem estética criativa da qual o pintor holandês Vicent van Gogh vai ser um dos maiores exponenciais.

Gauguin, Van Gogh e a Estúdio do Sul


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A casa amarela em Arles

Van Gogh, pastor frustado e pintor ocasional, um eterno problema para a família, decidiu-se um tanto tardiamente assumir-se como artista. Tinha 32 anos quando resolveu liberar o seu talento e abraçar a sua verdadeira vocação. Dando-se bem com Gauguin, um incorrigível e temperamental construtor de catedrais no ar, o que em si já era um feito, a quem conhecera em Paris no meio artístico, insistiu calorosamente para que o novo amigo o acompanhasse numa larga estadia no sul da França. Como seu conterrâneo Rembrandt, Vicent era um adorador do amarelo em todas as suas

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Uma paisagem de Arles, de Gauguin

tonalidades imagináveis, um apaixonado por cores vivas as quais ele só poderia cultuar longe do norte da França, cinzento e úmido. Daí veio-lhe à mente a possibilidade de formar uma comunidade de pintores num lugar qualquer mais ao sul, para que todos os artistas que lá aparecessem pudessem intercambiar as experiências à luz do sol, ao ar livre, libertos das limitações da vida no atelier. Gauguin, que também decidira pela pintura tarde, aos 37 anos, recém tinha desembarcado da ilha da Martinica, onde estivera em 1887 levando um vida miserável, não resistiu muito ao apelo de Vincent. Além disso, segundo o holandês lhe informou, em Arles, a vida saía bem mais em conta. Em outubro

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Van Gogh pintando

de 1888, um Gauguin carregado com seu material de pintor e com seus trastes desembarcou na estação local. Vicent, radiante, pensando pôr um fim na solidão em que se encontrava, decorara o quarto do recém-chegado com um conjunto de telas de girassóis, a flor da região. Com a presença dele, inaugurava-se o que Van Gogh pretendia que fosse o embrião do Estúdio do Sul, uma irmandade utópica de artistas.

O Mito da Caverna

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Platão (428-347)
O Mito da Caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo, para descrever a situação geral em que se encontra a humanidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Essa poderosa crítica à condição dos homens, escrita há quase 2500 anos atrás, inspirou e ainda inspira inúmeras reflexões pelos tempos a fora. A mais recente delas é o livro de José Saramago A Caverna.

A Condição Humana

Platão viu a maioria da humanidade condenada a uma infeliz condição. Imaginou (no Livro VII de A República, um diálogo escrito entre 380-370 a.C.) todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. O que veriam então? Supondo a seguir que existissem algumas pessoas, uns prisioneiros, carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desafazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era pois inteiramente dominada pela ignorância (agnóia).

Libertando-se dos grilhões

Se por um acaso, segue Platão na sua narrativa, alguém resolvesse libertar um daqueles pobres diabos da sua pesarosa ignorância e o levasse ainda que arrastado para longe daquela caverna, o que poderia então suceder-lhe? Num primeiro momento, chegando do lado de fora, ele nada enxergaria, ofuscado pela extrema luminosidade do exuberante Hélio, o Sol, que tudo pode, que tudo provê e vê. Mas, depois,

reprodução (estátua de Rodin)

Livre é quem pensa
aclimatado, ele iria desvendando aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão, as manchas, as imagens, e, finalmente, uma infinidade outra de objetos maravilhosos que o cercavam. Assim, ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. O universo da ciência (gnose) e o do conhecimento (espiteme), por inteiro, se escancarava perante ele, podendo então vislumbrar e embevecer-se com o mundo das formas perfeitas.

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/caverna.htm

O Ethos que Cuida


Quando amamos, cuidamos; e quando cuidamos, amamos. Por isso, o ethos que ama se completa com o ethos que cuida. O “cuidado” constitui a categoria central do novo paradigma de civilização que forceja por emergir em todas as partes do mundo. A falta de cuidado no trato da natureza e dos recursos escassos, a ausência de cuidado com referência ao poder de tecnociência, que construiu armas de destruição em massa e de devastação da biosfera e da própria sobrevivência da espécie humana, nos está levando a um impasse sem precedentes. Ou cuidamos ou perecemos. O cuidado assume uma dupla função: de prevenção de danos futuros e de regeneração de danos passados. O cuidado possuiesse condão: reforçar a vida, zelar pelas condições físico-químicas, ecológicas, sociais e espirituais que permitem a reprodução da vida e de sua ulterior evolução. O correspondente ao cuidado em termos políticos é a “sustentabilidade”, que visa a encontrar o justo equilíbrio entre o benefício racional das virtualidades da Terra e sua preservação para nós e as gerações futuras. Talvez aduzindo a fábula do cuidado, conservada por Higino (17 d.C.), bibliotecário de César Augusto, entendamos melhor o significado do ethos que cuida. “Certo dia, Cuidado tomou um pedaço de barro e moldou-o na forma do ser humano. Nisso apareceu Júpiter e, a pedido de Cuidado, insuflou-lhe espírito. Cuidado quis dar-lhe um nome, mas Júpiter lho proibiu, querendo ele impor o nome. Começou uma discussão entre ambos. Nisso apareceu a Terra, alegando que o barro é parte de seu corpo e que, por isso, tinha o direito de escolher um nome. Gerou-se uma discussão generalizada e sem solução. Então todos aceitaram chamar Saturno, o velho deus ancestral, para ser árbitro. Este tomou a seguinte sentença, considerada justa: Você, Júpiter, deu-lhe o espírito: receberá o espírito de volta quando essa criatura morrer. Você, Terra, que lhe forneceu o corpo, receberá o corpo de volta, quando essa criatura morrer. E você, Cuidado, que foi o primeiro a moldar a criatura, acompanhá-la-á por todo o tempo em que viver. E como vocês não chegaram a nenhum consenso sobre o nome, decido eu: chamar-se-á homem, que vem de húmus, que significa terra fértil”.
Essa fábula está cheia de lições. O cuidado é anterior ao espírito infundido por Júpiter e anterior ao corpo emprestado pela Terra. A concepção corpo-espírito não é, portanto, originária. Originário é o cuidado, “que foi o primeiro a moldar o ser humano”. O Cuidado o fez com “cuidado”, zelo e devoção, portanto, com uma atitude amorosa. Ele é anterior, o a priori ontológico que permite ao ser humano surgir. Essas dimensões entram na constituição do ser humano. Sem elas não se é humano. Por isso se diz que o “cuidado” acompanhará o ser humano “por todo o tempo em que viver”. Tudo o que fizer com cuidado será bem feito. O ethos que cuida e ama é terapêutico e libertador. Sana chagas, desanuvia o futuro e cria esperança. Com razão diz o psicanalista Rollo May: “Na atual confusão de episódios racionalistas e técnicos, perdemos de vista o ser humano. Devemos voltar humildemente ao simples cuidado. É o mito do cuidado, e somente ele, que nos permite resistir ao cinismo e à apatia, doenças psicológicas de nosso tempo”.
Leonardo Boff

terça-feira, 29 de julho de 2008

Pensamentos

  • "A ordem não cria a vida." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O que conduz o mundo é o espírito e não a inteligência."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Ser homem é ser responsável. É sentir que colabora na construção do mundo." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O escravo constrói o seu orgulho em função do ardor do patrão." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Na vida, não existem soluções. Existem forças em marcha: é preciso criá-las e, então, a elas seguem-se as soluções."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Não há uma fatalidade exterior. Mas existe uma fatalidade interior: há sempre um minuto em que nos descobrimos vulneráveis; então, os erros atraem-nos como uma vertigem. " [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo, unir os homens: não há senão um verdadeiro luxo e esse é o das relações humanas." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O que nos salva é dar um passo e outro ainda."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O progresso do homem não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas perguntas não têm significado."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Amem quem vos comanda. Mas sem lhes dizer."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Ao reencontrar os amigos, todos nós já provamos o encanto das más lembranças." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "A verdade não é, de modo algum, aquilo que se demonstra, mas aquilo que se simplifica." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Ninguém se pode sentir, ao mesmo tempo, responsável e desprezado." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Os ritos são no tempo o mesmo que o domicílio é no espaço." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Os regulamentos assemelham-se aos ritos de uma religião, que parecem absurdos, mas moldam os homens."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "A terra ensina-nos mais acerca de nós próprios do que todos os livros. Porque ela nos resiste." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Apenas se vê bem com o coração, pois nas horas graves os olhos ficam cegos." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá, mais se tem. " [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Para que haja uma árvore florida, é preciso haver antes uma árvore; e, para haver um homem feliz, é preciso haver em primeiro lugar um homem." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O avião é somente uma máquina, mas que invento tão maravilhoso, que magnífico instrumento de análise: revela-nos a verdadeira face da Terra." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Ter um amigo não é coisa de que todos podem gabar-se."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Para enxergar com clareza, basta mudar a direção da mira." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O fracasso fortifica aos fortes." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "A perfeição se consegue no fim, não quando não há nada que agregar, mas sim quando já não há nada o que obter."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Se procuro em minhas recordações os que me deixaram um sabor duradouro, se faço balanço das horas que valeram, sempre me encontro com aquelas que não me valeram a pena."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "A fuga nunca levou ninguém a nenhum lugar."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Se queremos um mundo de paz e de justiça temos que pôr decididamente a inteligência a serviço do amor."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O mundo inteiro se abre quando vê passar a um homem que sabe aonde vai." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "As crianças têm de ter muita tolerância com os adultos."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O homem se descobre quando se mede com um obstáculo."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O amor é o único que cresce quando se reparte."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Se ao escalar uma montanha na direção de uma estrela, o viajante se deixa absorver demasiado pelos problemas da escalada, arrisca-se a esquecer qual é a estrela que o guia." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "O que embeleza o deserto é que em alguma parte dele esconde-se um poço de água." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "A inteligência apenas vale ao serviço do amor."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Se queres compreender a palavra 'felicidade', indispensável se torna entendê-la como recompensa e não como fim."
    [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Todas as grandes personagens começaram por serem crianças, mas poucas se recordam disso." [Antoine de Saint-Exupéry]
  • "Conhecer não é demonstrar nem explicar, é aceder à visão." [Antoine de Saint-Exupéry]

  • "Nossa maior fraqueza é a desistência. O caminho mais certeiro para o sucesso é sempre tentar apenas uma vez mais." [Thomas A. Edison]
  • "Muitos dos fracassos da vida ocorrem com as pessoas que não reconheceram o quão próximas elas estavam do sucesso quando desistiram." [Thomas A. Edison]
  • "Boa sorte é o que acontece quando a oportunidade encontra o planejamento." [Thomas A. Edison]
  • "Nunca fiz nada dar certo por acidente; nem nenhuma das minhas invenções surgiu por acidente; elas vieram do meu trabalho." [Thomas A. Edison]
  • "Os três grandes fundamentos para se conseguir qualquer coisa são, primeiro, trabalho árduo; segundo, perseverança; terceiro, senso comum." [Thomas A. Edison]
  • "Não há nada que substitua o trabalho árduo." [Thomas A. Edison]
  • "Há uma forma de fazer isso melhor - encontre-a." [Thomas A. Edison]
  • "A insatisfação é a principal motivadora do progresso." [Thomas A. Edison]
  • "Eu não falhei, encontrei 10 mil soluções que não davam certo." [Thomas A. Edison]
  • "Se nós fizéssemos tudo o que somos capazes, literalmente nos surpreenderíamos." [Thomas A. Edison]
  • "O homem não foi feito para meditar, mas para agir." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O homem nasceu livre e por toda a parte vive acorrentado." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "As leis são sempre úteis aos que têm posses e nocivas aos que nada têm." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Se é a razão que faz o homem, é o sentimento que o conduz." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "A inocência não se envergonha de nada." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Ninguém quer o bem público que não está de acordo com o seu." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Muitas mulheres têm bastante juízo, pois falam na devida altura, mas muito poucas são aquelas que sabem calar na devida altura." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Os homens a quem se fala não são aqueles com quem se conversa." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Visto que o fundamento da propriedade é a utilidade, onde não houver utilidade possível não pode existir propriedade." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O povo, por ele próprio, quer sempre o bem, mas, por ele próprio, nem sempre o conhece." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O primeiro raciocínio do homem é de natureza sensitiva...: os nossos primeiros mestres de filosofia são os nossos pés, as nossas mãos, os nossos olhos." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Não há como a força do Estado para garantir a liberdade dos seus membros." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Sempre notei que as pessoas falsas são sóbrias, e a grande moderação à mesa geralmente anuncia costumes dissimulados e almas duplas." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "A felicidade consiste num bom saldo bancário, numa boa cozinheira e numa boa digestão." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O homem que não conhece a dor, não conhece a ternura da humanidade." [Jean-Jacques Rousseau]

    "A consciência é a voz da alma, as paixões são a voz do corpo." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O que viveu mais não é aquele que viveu até uma idade avançada, mas aquele que mais sentiu na vida." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O homem fala sobre o que sabe, a mulher sobre aquilo que gostaria." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "A mulher tem mais espírito, o homem mais gênio. A mulher olha, o homem compreende." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "O único hábito que se deve permitir a uma criança é o de não adquirir nenhum." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "A verdade não é a estrada para a riqueza." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Pelos mesmos caminhos não se chega sempre aos mesmos fins." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Não sei ver nada do que vejo; vejo bem apenas o que relembro e tenho inteligência apenas nas minhas lembranças." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "É demasiado difícil pensar com nobreza quando pensamos apenas em ganhar a vida." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Sejamos bons e depois seremos felizes. Ninguém recebe o prêmio sem primeiro fazer por isso." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "A espécie de felicidade de que preciso não é fazer o que quero, mas não fazer o que não quero." [Jean-Jacques Rousseau]
  • "Somente pela fraternidade a liberdade será preservada." [Victor Marie Hugo]
  • "Quem abre uma escola fecha uma prisão." [Victor Marie Hugo]
  • "Em literatura, o meio mais seguro de ter razão é estar morto." [Victor Marie Hugo]
  • "Quando não somos inteligíveis é porque não somos inteligentes." [Victor Marie Hugo]
  • "A medida do amor é amar sem medida." [Victor Marie Hugo]
  • "As ilusões sustentam a alma como as asas sustentam o pássaro." [Victor Marie Hugo]
  • "O espírito enriquece-se com o que recebe; o coração com o que dá." [Victor Marie Hugo]
  • "Iniciativa é fazermos o que está certo sem ser preciso que alguém nos diga para fazermos tal." [Victor Marie Hugo]
  • "A tolerância é a melhor das religiões." [Victor Marie Hugo]
  • "O tempo não só cura, mas também reconcilia." [Victor Marie Hugo]
  • "É inútil obter por piedade aquilo que desejamos por amor." [Victor Marie Hugo]
  • "Escritores, meditem muito e corrijam pouco. Fazei as vossas rasuras no vosso próprio cérebro." [Victor Marie Hugo]
  • "Ser contestado é ser constatado." [Victor Marie Hugo]
  • "Um grande artista é um grande homem numa grande criança." [Victor Marie Hugo]
  • "Nada há como começar para ver como é árduo concluir." [Victor Marie Hugo]
  • "Todo o grande artista amolda a arte à sua imagem." [Victor Marie Hugo]
  • "A arte é uma ferramenta; os espíritos são os operários." [Victor Marie Hugo]
  • "O cão é a virtude que, não podendo fazer-se homem, se fez animal." [Victor Marie Hugo]
  • "O amor é vida quando não é morte; é berço e também sepultura." [Victor Marie Hugo]
  • "Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele." [Victor Marie Hugo]
  • "A alma humana é uma vaga que pensa." [Victor Marie Hugo]
  • "A alma é um olho sem pálpebra." [Victor Marie Hugo]
  • "Nada se assemelha à alma como a abelha. Esta voa de flor para flor, aquela de estrela para estrela. A abelha traz o mel, como a alma traz a luz. " [Victor Marie Hugo]
  • "A riqueza e a pobreza são convenções." [Victor Marie Hugo]
  • "A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano." [Victor Marie Hugo]
  • "Os tempos primitivos são líricos, os tempos antigos são épicos, os tempos modernos são dramáticos." [Victor Marie Hugo]
  • "Os velhos têm tanta necessidade de afeto como de sol." [Victor Marie Hugo]
  • "Do inferno dos pobres é feito o percurso dos ricos." [Victor Marie Hugo]
  • "Aquele que dá ao pobre empresta a Deus." [Victor Marie Hugo]
  • "Tudo se rende ao sucesso, até a gramática." [Victor Marie Hugo]
  • "A palavra é o Verbo, e o Verbo é Deus." [Victor Marie Hugo]
  • Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.
    (Clarice Lispector)
  • Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.(Clarice Lispector)
  • Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.(Clarice Lispector)
  • Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. (Clarice Lispector)
  • Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada. (Clarice Lispector)
  • Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.(Clarice Lispector)
  • Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome. (Clarice Lispector)
  • "Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária" (Clarisse Lispector)
  • E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano. (Clarice Lispector)
  • Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós. (Clarice Lispector)
  • ...estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.(Clarice Lispector)
  • Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. (Clarice Lispector)
  • Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
    Ou toca, ou não toca. (Clarice Lispector)
  • É difícil perder-se. É tão difícl que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo." (Clarice Lispector)
  • O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós." (Clarice Lispector)
  • Porque há o direito ao grito.então eu grito." (Clarice Lispector)
  • "Eu era um poeta impulsionado pela filosofia, não um filósofo dotado de faculdades poéticas" [Fernando Pessoa]

  • "Quem escreve para obter o supérfluo como se escrevesse para obter o necessário, escreve ainda pior do que se para obter apenas o necessário escrevesse" [Fernando Pessoa]


  • "Substitui-te sempre a ti - próprio. Tu não és bastante para ti. Sê sempre imprevenido [?] por ti - próprio. Acontece-te perante ti - próprio. Que as tuas sensações sejam meros acasos, aventuras que te acontecem. Deves ser um universo sem leis para poderes ser superior" [Fernando Pessoa]
  • "Ao passo que a filosofia é estática, a arte é dinâmica; é mesmo essa a única diferença entre a arte e a filosofia" [Fernando Pessoa]
  • "A obra de arte, fundamentalmente, consiste numa interpretação objetivada duma impressão subjetiva" [Fernando Pessoa]
  • "A única realidade da vida é a sensação. A única realidade em arte é a consciência da sensação" [ Fernando Pessoa ]
  • "A uma arte assim cosmopolita, assim universal, assim sintética, é evidente que nenhuma disciplina pode ser imposta, que não a de sentir tudo de todas as maneiras, de sintetizar tudo, de se esforçar por de tal modo expressar-se que dentro de uma antologia de arte sensacionista esteja tudo quanto de essencial produziram o Egito, a Grécia, Roma, a Renascença e a nossa época. A arte, em vez de ter regras como as artes do passado, passa a ter só uma regra - ser a síntese de tudo. Que cada um de nós multiplique a sua personalidade por todas as outras personalidades" [Fernando Pessoa]
  • "Desejo ser um criador de mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém da humanidade" [Fernando Pessoa]

  • "Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre" [Fernando Pessoa]
  • "Que este processo de fazer arte cause estranheza, não admira; o que admira é que haja cousa alguma que não cause estranheza" [Fernando Pessoa]
  • "Todos os meus escritos ficaram inacabados; sempre novos pensamentos se interpunham, associações de idéias extraordinárias e inexcluíveis, de término infinito ... O Caráter da minha mente é tal que odeio os começos e os fins das coisas, porque são pontos definidos." [Fernando Pessoa]
  • "Descobri que a leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, porque não sonhar os meus próprios sonhos? " [Fernando Pessoa]
  • "Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência" [Fernando Pessoa]
  • "O Essencial da arte é exprimir; o que se exprime não interessa" [Fernando Pessoa]
  • "Tenho prazer em ser vencido quando quem me vence é a razão, seja quem for o seu procurador." [Fernando Pessoa]

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Área de Estudo - Ilhas de Belém


Si j'avais été candidat...Edgar Morin, Le Monde (24/04/07)

Le système planétaire est condamné à la mort ou à la transformation. Notre époque de changement est devenue un changement d'époque.

Chères concitoyennes et chers concitoyens, je dois d'abord rappeler que la France ne vit ni en vase clos ni dans un monde immobile. Nous devons prendre conscience que nous vivons une communauté de destin planétaire, face aux menaces globales qu'apportent la prolifération des armes nucléaires, le déchaînement des conflits ethnico-religieux, la dégradation de la biosphère, le cours ambivalent d'une économie mondiale incontrôlée, la tyrannie de l'argent, l'union d'une barbarie venue du fond des âges et de la barbarie glacée du calcul technique et économique.Le système planétaire est condamné à la mort ou à la transformation. Notre époque de changement est devenue un changement d'époque.
Je ne vous promets pas le salut, mais j'indiquerai la longue et difficile voie vers une Terre Patrie et une Société Monde, ce qui signifie d'abord la réforme de l'ONU pour dépasser les souverainetés absolues des Etats-nations tout en reconnaissant pleinement leur autorité pour les problèmes qui ne sont pas de vie/mort pour la planète.Je ferai tout mon possible pour donner à l'Europe consistance et volonté en y instituant une autonomie politique et militaire. Je lui présenterai un grand dessein: réformer sa propre civilisation en y intégrant l'apport moral et spirituel d'autres civilisations ; contribuer à un nouveau type de développement dans les nations africaines ; instituer une régulation des prix pour les produits fabriqués à coût minime dans l'exploitation des travailleurs asiatiques ; élaborer une politique commune d'insertion des immigrés ; enfin et surtout en faire un foyer exemplaire de paix, compréhension et tolérance ; dans ce sens, intervenir au Darfour, en Tchétchénie, au Moyen-Orient et prévenir la guerre de civilisations.En ce qui concerne la France. Je ne formulerai pas un programme, inopérant dans les situations changeantes ; je définirai une stratégie qui tienne compte des événements et des accidents. Pour l'immédiat je susciterai deux rencontres entre partenaires sociaux, l'une sur l'emploi et les salaires, l'autre sur les retraites.Je constituerai deux comités permanents visant à réduire les ruptures sociales:
1) un comité permanent de lutte contre les inégalités, qui s'attaquera en premier lieu aux excès (de bénéfices et rémunérations au sommet) et aux insuffisances (de niveau et qualité de vie à la base);
2) un comité permanent chargé de renverser le déséquilibre accru depuis 1990 dans la relation capital-travail.
Etant donné l'intégration vitale d'une politique écologique, je constituerai un troisième comité permanent qui traitera des transformations sociales et humaines qui s'imposent.J'indiquerai la voie d'une politique de civilisation qui ressusciterait les solidarités, ferait reculer l'égoïsme, et plus profondément reformerait la société et nos vies. De fait, notre civilisation est en crise. Là où il est arrivé, le bien-être matériel n'a pas nécessairement apporté le bien-être mental, ce dont témoignent les consommations effrénées de drogues, anxiolytiques, antidépresseurs, somnifères. Le développement économique n'a pas apporté le développement moral. L'application du calcul, de la chronométrie, de l'hyperspécialisation, de la compartimentation au travail, aux entreprises, aux administrations et finalement à nos vies a entraîné trop souvent la dégradation des solidarités, la bureaucratisation généralisée, la perte d'initiative, la peur de la responsabilité.Aussi je réformerai les administrations publiques et inciterai à la réforme des administrations privées. La réforme vise à débureaucratiser, déscléroser, décompartimenter, et donner initiative et souplesse aux fonctionnaires ou employés, à offrir bienveillance pour tous ceux qui doivent affronter les bureaux. La réforme de l'Etat se ferait non par augmentation ou suppression d'emplois, mais par modification de la logique qui considère les humains comme objets soumis à quantification et non comme êtres dotés d'autonomie, d'intelligence et d'affectivité.Je proposerai de revitaliser la fraternité, sous-développée dans la trilogie républicaine Liberté-Egalité-Fraternité. Tout d'abord, je susciterai la création de Maisons de la Fraternité dans les diverses villes et dans les quartiers des métropoles comme Paris. Ces maisons regrouperaient toutes les institutions à caractère solidaire existant déjà (Secours populaire, Secours catholique, SOS Amitié, etc.) et comporteraient de nouveaux services voués à intervenir d'urgence auprès des détresses, morales ou matérielles, à sauver du naufrage les victimes d'overdose de drogue ou de chagrin. Ce seraient des lieux d'initiatives, de médiations, de secours, d'information, de bénévolat et de mobilisation permanente.En même temps, il faudrait instituer un Service civique de la Fraternité qui, présent dans les Maisons de la Fraternité, se vouerait de plus aux désastres collectifs, inondations, canicules, sécheresses, etc., non seulement en France mais aussi en Europe et Méditerranée. Ainsi la fraternité serait profondément inscrite et vivante dans la société reformée que nous voulons.Dans notre conception de la fraternité, les délinquants juvéniles sont non des individus abstraits à réprimer comme les adultes, mais des adolescents à l'âge plastique où il faut favoriser les possibilités de rédemption. Nous considérons les immigrés non comme des intrus à rejeter, mais comme des frères issus de la pire misère, celle qui a été créée à la fois par notre colonisation passée et par ce qu'a entraîné dans leurs pays l'introduction de notre économie en détruisant les polycultures de subsistance et en déportant les populations agraires dans le dénuement des bidonvilles urbainsComme le cours actuel de notre civilisation privilégie la quantité, le calcul, l'avoir, je m'emploierai à une vaste politique de la qualité de la vie. Dans ce sens, je favoriserai tout ce qui combat les multiples dégradations de l'atmosphère, de la nourriture, de l'eau, de la santé. Toute économie d'énergie doit constituer un gain de santé et qualité de vie. Ainsi, la désintoxication automobile des centres-villes se traduira par la diminution des bronchites, asthmes et maladies psychosomatiques. La désintoxication des nappes phréatiques réduira l'agriculture et l'élevage industriels au profit d'une ruralité fermière, laquelle restaurera la qualité des aliments et la santé du consommateur.La réduction des intoxications de civilisation - dont l'intoxication publicitaire, qui prétend offrir séduction et jouissance dans et par des produits superflus -, du gaspillage des objets jetables, des modes accélérées qui rendent obsolètes les produits en un an, tout cela doit nous conduire à renverser la course au plus au profit d'une marche vers le mieux, et s'inscrire dans une action continue en faveur de deux courants amorcés qu'il faut développer : la réhumanisation des villes et la revitalisation des campagnes. Cette dernière comporte la nécessité de réanimer les villages par l'installation du télétravail, le retour de la boulangerie et du bistro.En matière d'emploi, j'instituerai des aides à la création et au développement de toute activité contribuant à la qualité de la vie. La politique des grands travaux que je proposerai pour développer le ferroutage, élargir et aménager les canaux et créer des ceintures de parkings autour des villes et autour des centres-villes permettra à la fois de créer des emplois et d'accroître la qualité de la vie. Les dépenses qu'elle nécessitera seront compensées en quelques années par la diminution des maladies socio-psycho-somatiques provoquées par stress, pollutions et intoxications.
En matière d'économie, j'agirai pour une économie plurielle, qui est en gestation sur la planète de façon dispersée, et dont les développements permettraient de surmonter la dictature du marché mondial. En France l'économie plurielle, qui comportera les grandes firmes mondialisées, développera les petites et moyennes entreprises, les coopératives et mutuelles de production et/ou consommation, les métiers de solidarité, le commerce équitable, l'éthique économique, le microcrédit, l'épargne solidaire qui finance des projets de proximité, créateurs d'emplois. Le développement d'une alimentation de proximité qui ne dépend plus des grands circuits intercontinentaux nous fournira des produits de qualité fermière et de plus nous préparera à affronter les éventuelles crises planétaires.En ce qui concerne l'éducation, la mission première a été formulée par Jean- Jacques Rousseau dans l'Emile: "Je veux lui apprendre à vivre." Il s'agit de fournir les moyens d'affronter les problèmes fondamentaux et globaux qui sont ceux de chaque individu, de chaque société et de toute l'humanité.Ces problèmes sont désintégrés dans et par les disciplines compartimentées. Ainsi, pour commencer, j'instituerai une année propédeutique pour toutes les universités sur : les risques d'erreur et d'illusion dans la connaissance; les conditions d'une connaissance pertinente ; l'identité humaine ; l'ère planétaire que nous vivons ; l'affrontement des incertitudes, la compréhension d'autrui et enfin les problèmes de civilisation contemporaine.L'élan pour la grande réforme surgira des profondeurs de notre pays quand il percevra qu'elle prend en charge ses besoins et ses aspirations. Car, sclérosé dans toutes ses structures, le pays est vivant à la base. Le changement individuel et le changement social seront inséparables, chacun seul étant insuffisant. La réforme de la politique, la réforme de la pensée, la réforme de la société, la réforme de la vie se conjugueront pour conduire à une métamorphose de société. Les futurs radieux sont morts, mais nous ouvrirons une voie pour un futur possible.Cette voie, nous pouvons nous y avancer en France, espérer la faire adopter en Europe. Et, faisant de nouveau de la France un exemple, elle apportera l'espérance d'un salut planétaire.

Edgar Morin, sociologue, est directeur de recherche émérite au CNRS, président de l'Agence européenne pour la culture (Unesco).



Sistema Turístico - Apresentado ao Prf. Dr. Norbert Fenzel - Indicadores Ambientais

1 – INTRODUÇÃO

Ultimamente o turismo passou a ser visto como um importante instrumento para o desenvolvimento sócio-econômico mais racional de diversas localidades e, assim, do ponto de vista mercadológico, a atividade vem apresentando um rápido crescimento. A oferta de produtos turísticos depende essencialmente, da existência de áreas de elevado valor natural e cultural, da maneira como essas áreas são geridas, da existência de infra-estrutura adequada e da disponibilidade de recursos humanos capacitados.

No Brasil, o Governo Federal também vem considerando o turismo como uma ferramenta que se reveste de grande importância para o desenvolvimento sócio-econômico do país. A diversidade de ecossistemas existentes no território brasileiro se constitui no principal produto a ser oferecido aos turistas. A Amazônia, por ser considerada a região mais rica em biodiversidade do planeta, apresenta um grande potencial para o desenvolvimento da atividade turística que, através de um planejamento ordenado, pode contribuir para o manejo de áreas de relevância ambiental e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida das populações tradicionais da Amazônia.

O trabalho aqui apresentado faz uma análise do Sistema do Turismo usando como principal referencial teórico a pesquisa bibliográfica através do livro Análise Estrutural do Turismo de Mário Carlos Beni.
2 – O SISTEMA DO TURISMO

A atividade turística se apresenta nos dias de hoje, como um fator econômico de grande importância no mundo todo, podendo trazer benefícios diretos e indiretos para as comunidades envolvidas através: de novos negócios e empregos, de rendimento adicional, de novas tecnologias, de uma maior consciência e proteção ambiental, da melhoria na infra-estrutura urbana e conseqüentemente na qualidade de vida das pessoas. Oscar de La Torre (apud BARRETTO, 1995) define o turismo como:

“um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural”.

Com a evolução gradual, porém acelerada do turismo como opção de desenvolvimento, os conceitos de sustentabilidade foram se incorporando às diversas atividades que fazem parte da atividade turística. Segundo PEARCE (apud BENI, 1998) o turismo sustentável é definido como maximização[1] e otimização da distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico baseado no estabelecimento e na consolidação das condições de segurança sob as quais serão fornecidos serviços turísticos, para que os recursos naturais sejam mantidos, restaurados e melhorados.

Para RUSCHMANN (2000) o conceito de Desenvolvimento Sustentável e aquele do turismo sustentável estão intimamente ligados à proteção do ambiente. Entretanto para a autora, encontrar o equilíbrio entre os interesses econômicos que o turismo estimula e um desenvolvimento da atividade que proteja o meio ambiente não é tarefa fácil. Não podemos considerar o turismo como uma atividade ideal, não impactante e não poluente, porém, pode ser praticado de maneira racional, duradoura e capaz de melhorar a qualidade de vida de uma grande parcela da população. É o turismo responsável, que atua com sustentabilidade, visando à conservação do patrimônio natural e cultural e desenvolvendo atividades lucrativas.

A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1992), entende o Desenvolvimento Sustentável como “um processo de transformação, no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”.

Segundo Fenzel (2008)

O conceito de Desenvolvimento Sustentável não é somente um modismo intelectual do final do Século XX, senão fruto dos graves problemas ambientais e socioeconômicos que a humanidade está enfrentando. As sociedades e nações do mundo em pleno processo de globalização e integração sócio-econômica estão percebendo claramente os limites dos recursos naturais do planeta. Mais ainda, os princípios e as maneiras em que esta integração mundial ocorre, produzem efeitos colaterais desastrosas, tais como impactos ambientais de dimensões planetárias, níveis de injustiça social crescentes e uma voracidade desenfreada em relação aos recursos naturais. A percepção destas limitações do modelo econômico globalizado traz conseqüências profundas na maneira de encarar o futuro da humanidade.

O Desenvolvimento Sustentável, por ser um conceito novo e muito amplo, vem sendo interpretado das maneiras mais diversas, sempre dependendo dos interesses específicos do usuário. As dificuldades deste conceito se devem ao grande numero de pontos de vista, do alto nível de abstração e da falta de elementos operacionais capazes de medir concretamente a sustentabilidade de um processo de desenvolvimento. Em outras palavras: é preciso construir uma ciência inovadora para a sociedade sustentável. (iden)

Para FENZEL de um modo geral, desenvolvimento sustentável pode ser definido levando-se em conta as seguintes metas e objetivos básicos:

- A taxa de consumo de recursos renováveis não deve ultrapassar a capacidade de renovação dos mesmos.

- A quantidade de rejeitos produzidos não deve ultrapassar a capacidade de absorção dos ecossistemas.

- Recursos não renováveis devem ser utilizados somente na medida em que podem ser substituídos por um recurso equivalente renovável.

Assim, podemos dizer que o conceito de desenvolvimento sustentável descreve um processo sócio-econômico ecologicamente sustentável e socialmente justo.

Hoje em dia observamos mudanças profundas dos velhos paradigmas em todas as áreas do conhecimento humano. O novo, ainda aparentemente frágil, já começa a demonstrar sua vitalidade. Pela primeira vez surgem formas de pensar o complexo, os sistemas complexos, abertos longe do equilíbrio. A ordem, o absoluto, o determinado, o equilíbrio e processos reversíveis se tornam casos particulares de um universo em evolução, onde predominam a complexidade, irreversibilidade e o desequilíbrio.

A partir desse contexto vão surgindo novas formas de refletir a realidade sócio-econômica de um mundo globalizado, o modo de produção, o mercado e a relação da sociedade com a natureza não humana. As tentativas de integrar os conhecimentos das ciências tradicionais numa teoria mais ampla capaz de criar parâmetros e indicadores e produzir uma imagem mais holística do processo sócio-econômico que estamos vivendo. Essas propostas buscam novos conceitos mais abrangentes e mais transparentes, onde o mercado deixa de ser uma nebulosa força da natureza, que justifica o massacre social de milhões de seres humanos e a voracidade crescente com que as bases energéticas e materiais da reprodução humana estão sendo consumidos e esgotados.

No intuito de obtermos uma abordagem detalhada sobre a medição do progresso do desenvolvimento sustentável, utilizando indicadores, precisamos ter em conta algumas características relativas a essa questão (DAHL apud FENZEL):

  1. “A sustentabilidade é, fundamentalmente, uma questão de manutenção de equilíbrio ao longo do tempo”.
  2. Sustentabilidade é “um conceito inerente de valor, à medida que implica responsabilidade tanto para a geração presente quando para as futuras gerações”.
  3. A avaliação de sustentabilidade vai desde uma escala familiar até a sociedade global e inclui, portanto, diversas unidades funcionais e níveis de organizações.
  4. Existem, pelo menos, quatro dimensões de sustentabilidade, as quais se inter-relacionam: a ambiental, a econômica, a social e a política-estrutural.

De acordo com BENI (op cit.) pode-se definir sistema como um conjunto de partes que interagem de modo a atingir um determinado fim, de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas, idéias ou princípios, logicamente ordenados e coesos com intenção de descrever explicar ou dirigir o funcionamento de um todo. Dessa forma, o conjunto encontra-se organizado em virtude das inter-relações entre as unidades, e seu grau de organização permite que assuma a função de um todo que é maior que a soma de suas partes.

Assim um sistema deve ter:

Meio Ambiente: conjunto de todos os objetos que fazem parte do sistema em questão, mas que exercem influências sobre a operação do mesmo;

Elementos ou unidades: as partes componentes do sistema;

Relações: os elementos integrantes do sistema encontram-se inter-relacionados, uns dependendo do outros, através de ligações que denunciam os fluxos;

Atributos: são as qualidades que se atribuem aos elementos,ou ao sistema , afim de caracterizá-los;

Entrada (imput): constituído por aquilo que o sistema recebe. Cada sistema é alimentado por determinados tipos de entrada;

Saída (output): produto final dos processos de transformação a que se submete o conteúdo da entrada;

Realimentação: (feedback): processo de controle para manter o sistema em equilíbrio;

Modelo: é a representação do sistema. Constitui uma abstração para facilitar o projeto e/ou análise do sistema. É utilizado por dois motivos básicos: porque simplifica o estudo do sistema, permitindo a análise de causa e efeito entre os seus elementos para conclusões de maior precisão; e pela responsabilidade de abranger a complexa totalidade das características e aspectos da realidade objeto de estudo.

As definições mais recentes de sistema complexo cobrem um conjunto de características pouco comuns á lógica da mecânica clássica. Por exemplo, sistemas abertos e auto-organizados se encontram longe do equilíbrio termodinâmico, o que significa que princípios de não – equilíbrio e da auto-organização são necessários para descrever tais sistemas. (FENZELl, op. cit.)

Por outro lado, a definição deve ser capaz de relacionar o espaço interno e o espaço externo do sistema. Assim, distinguimos três dimensões básicas de espaço-tempo em sistemas complexos:

a) Uma dimensão microscópica que descreve o espaço interno no nível dos elementos do sistema.

b) Uma dimensão mesoscópica, a interface que separa o espaço interno e externo da estrutura do sistema e se situa no nível da fronteira estrutural do sistema ·

c) Uma dimensão macroscópica, constituída pelo espaço além da fronteira estrutural, o ambiente relevante, ou campo de interação.

O campo de interação é a parte externa à fronteira estrutural, relevante para a reprodução energético-material do sistema como um todo. É o espaço de onde o sistema retira a energia e matéria necessária para a manutenção do seu estado de coerência estrutural e o transforma desta maneira.

BENI estabelece todo o seu pensamento a partir da definição do SISTUR, ou do sistema de turismo:

“reduzir a complexidade do fato e do fenômeno do Turismo a um modelo referencial inédito, que utiliza a noção de sistema para retratar toda a riqueza e dinâmica das variáveis envolvidas, permitindo obter uma conformação e também uma confirmação ordenadas de como se processam os movimentos e as inter-relações das funções turísticas com os componentes do Sistema de Turismo (Sistur), propiciando aos pesquisadores a construção de modelos quantitativos”

3 – AS RELAÇÕES DO SISTUR

O turismo é um “conjunto de deslocamentos voluntários e temporais determinados por causas alheias ao lucro”. (ARRILLAGA, 1976) ou “atividade de transporte, cuidado, alimentação e entretenimento do turista”. (LINDBERG, 1974), ao redor do turismo formou-se uma rede de relações que caracterizam seu funcionamento. Essas relações formam um sistema.

  • Ambiente: matéria-prima (conjunto das relações ambientais);
  • Organização estrutural: políticas públicas, a oferta de infra-estrutura urbana e de acesso, equipamentos e serviços de apoio (conjunto da organização estrutural);
  • Conjunto de pessoas e empresas que oferecem bens e serviços mais os consumidores (conjunto das ações operacionais);

O universo do turismo:

  • Sistema complexo e abrangente;
  • Expande-se, muda de forma;
  • Está sujeito à interferência de inúmeras variáveis (sistema aberto);
  • Interliga-se a todas as áreas do ambiente natural, da vida pessoal e da organização social.

O SISTUR é o modelo referencial teórico para compreensão da estrutura e dinâmica da atividade turística, sendo seus objetivos organizar o plano de estudos da atividade de turístico, levando em consideração a necessidade, há muito tempo demonstrada nas obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentalizar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo; inventariar, de forma estruturada e sistêmica, o potencial de recursos turísticos naturais e culturais do território para a exploração racional da atividade de turismo e recreação;qualificar e determinar a demanda e a oferta existente e/ou projetada de bens e serviços turísticos; diagnosticar deficiências, pontos críticos, de estrangulamento e desajustes entre a oferta e a demanda; formular diretrizes de reorientação de programas de ação para determinar o planejamento estratégico de desenvolvimento do setor; planejar, executar o desenvolvimento do produto turístico, bem como avaliar e executar campanhas de promoção do produto turístico (plano integral de marketing); organizar a atividade de turismo na estrutura administrativa do setor público; analisar o significado econômico do turismo e seu efeito multiplicador no desenvolvimento nacional.

4 - POR QUE SISTEMA DE TURISMO?

A atividade apresenta-se como um fenômeno sociocultural e vem se firmando como ciência (conjunto de modelos, padrões para explicar a verdade). Tem um caráter inter e multidisciplinar não sendo uma manifestação isolada: interligação entre o ambiente natural e o social. Modelo referencial que deve retratar a configuração da atividade.

5 - COMPONENTES:

  • Conjunto das Relações Ambientais – RA (dimensão do SISTUR)
  • Conjunto da Organização Estrutural – OE (estrutura do SISTUR)
  • Conjunto das Ações Operacionais – AO (dinâmica do SISTUR)

6 - CONJUNTO DAS RELAÇÕES AMBIENTAIS:

  • Ecológico (a natureza e seu uso para o turismo);
  • Social (o homem e sua organização social, sua relação com o mundo);
  • Econômico (o homem e a organização dos processos produtivos – distribuição e intercâmbio dos meios materiais da vida na sociedade);
  • Cultural (intervenção do homem no espaço natural – suas manifestações, produções);
  • Sistema aberto: realiza trocas com o meio que o circunda;
  • Seu crescimento depende de uma série de variáveis (exemplo: capacidade de suporte dos ecossistemas naturais, mais qualitativo do que quantitativo);
  • Mantém processo contínuo de relações dialéticas de conflito e colaboração com o meio circundante;
  • Forças opostas (econômico x ecológico x cultural) muitas vezes impedem a regeneração ou conservação da qualidade do subsistema e desequilibram o sistema, gerando “colapso turístico”;
  • Necessidade de retroalimentar o sistema, à luz da experiência, a teoria para priorizar a qualidade do espaço turístico (ênfase na qualidade do ser e das coisas; um repensar sobre o que é o homem e o que deve fazer no planeta).
  • Turismo: seu papel de provocar mudanças (injeção de energia e informação para promoção de novas atitudes e realizações humanas).

7 - SUBSISTEMA ECOLÓGICO

O homem moderno está em busca do lazer para fugir das “cadeias diárias” e sente uma necessidade crescente de novas alternativas no uso do tempo livre (escalar, dormir ao relento, caminhadas, banhos de cachoeira, contemplação da natureza, descoberta de novos lugares); O subsistema ecológico abrange a contemplação e o contato com a natureza (onde são analisados – espaço turístico natural e urbano e seu planejamento territorial, atrativos turísticos e conseqüências do turismo sobre o meio ambiente conservação da flora, fauna e paisagens); a ecologia é o “sustentáculo de todas as manifestações de vida planetária e do SISTUR.

O planejamento requer a compreensão sobre os vários tipos de espaço físico. Segundo BOULLÓN os espaços dividem-se em:

  • Espaço real: crosta terrestre (superfície e biosfera), é real porque podemos comprovar sua existência (onde nos deslocamos e é o que modificamos);
  • Espaço potencial: possibilidade de uso de um território (imaginação dos planejadores);
  • Espaço natural adaptado: espaço rural (atividades produtivas como: arar e semear, construir canais de irrigação, desmatar, plantar novas árvores, criar gado, explorar jazidas naturais);
  • Espaço artificial: predominância de artefatos construídos pelo homem – as cidades; também chamado de espaço urbano;
  • Espaço natural virgem: áreas (escassas) sem interferência humana (preservado);
  • Espaço vital: refere-se ao homem e outras espécies unicelulares, vegetais e animais e ao seu entorno;
  • Espaço turístico: espaço físico onde se concentram os atrativos turísticos (componente do patrimônio turístico). Os componentes são: zona, área, complexo, centro, unidade, núcleo, conjunto, corredor, corredor de traslado ou transporte e corredor de estada.

Os atrativos turísticos são elementos passíveis de provocar deslocamentos (grau de atratividade) e podem ser naturais e culturais. Sendo os atrativos mais as facilidades igual ao produto turístico. Os atrativos são considerados matéria-prima que serve de base para o planejamento do turismo num determinado lugar e o que motivam o deslocamento, é o diferencial de um lugar para o outro.

A conservação dos recursos turísticos naturais exige a aplicação das seguintes normas ecológicas:

  • Estratégia: planejamento dos recursos turísticos naturais com projetos em harmonia com sua quantidade e qualidade
  • Preservação: proibição da intervenção humana
  • Reutilização: utilização de um recurso tantas vezes quantas seja possível
  • Substituição: utilização de outros em lugar daqueles em vias de extinção (alternativas)
  • Uso integral: uso múltiplo de um recurso que tem que ser útil ao homem; satisfazer suas necessidades.

Medidas:

  • Educação ambiental: população residente e turistas;
  • Capacitação profissional:guias especializados, monitores;
  • Estudo de impacto ambiental: análise por equipe multidisciplinar;
  • Capacidade de carga: número máximo de visitantes que o atrativo suporta;
  • Plano de manejo: conjunto de normas de uso de uma área e gestão;
  • Controle ambiental: programas e projetos fiscalizados por agentes públicos e por ONGs.

8 - SUBSISTEMA ECONÔMICO

A dimensão econômica do turismo se dá por ser uma atividade cujo propósito é satisfazer necessidades expressas no mercado mediante a disposição do consumidor de pagar o preço dos serviços requeridos, o que leva as empresas a fornecê-los”. (BENI, op. cit.). É um dos cinco principais produtos geradores de divisas da economia mundial.

Sua Cadeia produtiva é mobilizada para atender as necessidades que este demanda; todos os participantes se beneficiam. Como por exemplo o caminho do grão de trigo desde a semeadura até ser transformado em pão e chegar à mesa do café da manhã em um hotel.

9 - RENDA TURÍSTICA:

  • Atividades do turismo: hotelaria, equipamentos complementares de alimentação, agências de viagens, operadoras de turismo, outros;
  • Atividades de ramos prestadores de serviços turísticos: empresas de transportes, bancos, estabelecimentos comerciais, de espetáculos, de entretenimento, outros;
  • Setores (industriais, agrícolas ou de serviços) que se beneficiam do turismo: construção, alimentação, comunicação, obras de infra-estrutura, indústria em geral;
  • Salários, juros, lucros e aluguel;
  • Consumo privado: gastos dos turistas;
  • Consumo público: gastos do setor público no SISTUR (publicidade, custeio dos órgãos oficiais, crédito oficial a programas) é igual aos gastos com fomento à atividade;
  • Balanço turístico é igual aos gastos dos turistas/visitantes - gastos turísticos dos residentes de um país no exterior;
  • Exportação X Importação.

10 - EFEITOS ECONÔMICOS:

  • Aumento da renda nacional ;
  • Desenvolvimento de áreas “subdesenvolvidas”;
  • Geração de empregos e renda;
  • Sazonalidade X desemprego: “baixa estação” pode desempregar trabalhadores;
  • Dependência excessiva do turismo (a atividade fica vulnerável a variáveis – catástrofes naturais, guerras, terrorismo, etc)
  • Inflação e especulação imobiliária: elevação de preços
  • Atividade dos autóctones substituída por atividades ligadas ao turismo. Exemplo pescador que vira guia de turismo.

11 - SUBSISTEMA SOCIAL

Os desafios dos séculos XX e XXI, a globalização influenciando mudanças sociais e comportamentais – nova sociedade global. No Brasil as mudanças sociais ocorreram sem a contrapartida de uma estrutura econômica adequada (disparidades, contradições, tensões, conflitos), sendo assim, os principais geradores de desafios do mundo moderno que exigem respostas urgentes são:

  • Nova cultura, nova hierarquia de valores;
  • Sociedade consumista (“ter” mais importante que “ser”);
  • Sociedade pluralista que não consegue oferecer um projeto global perfeito de sociedade;
  • Mundo dividido entre ricos, pobres e miseráveis (desigualdades);
  • Sociedade democrática: a autoridade está ligada mais no conteúdo de seus líderes do que na sua pessoa ( a crítica é expressão normal);
  • Sociedade dinâmica:o saber é fruto de busca constante e tenaz (não é patrimônio adquirido);
  • Sociedade em que a juventude constitui uma cultura à parte;
  • Sociedade em que a família é cada vez mais reduzida;
  • Mundo secularizado: horizonte dos interesses humanos já não coincide com o horizonte religioso (desvinculação religiosa da realidade político-social).

12 - TURISMO X MOBILIDADE

Mobilidade são os contatos entre as pessoas que amplia e enriquece as maneiras de pensar e agir (horizontes culturais) contribuiu com uma nova fisionomia (rompeu fronteiras). Em todos os tempos sempre existiu, mais ou menos latente, em uma considerável porção da humanidade, o desejo de evadir-se, de mudar de lugar, a curiosidade de conhecer novas paisagens e imagens desconhecidas, o desejo de transplantar-se voluntariamente a outros solos ou, inclusive, se fosse possível, a outros mundos.

O turismo é uma das formas mais importantes de mobilidade humana (fenômeno socioeconômico) através:

  • Motivação turística: razão que o turista tem para efetuar a viagem;
  • Comportamento individual - estrutura de gastos – duração da permanência – freqüência da visita;
  • A realidade sociológica do SISTUR: comunidade autóctone é a que recebe importantes grupos em mobilidade (turistas e os trabalhadores temporários – a população flutuante);
  • A comunidade autóctone: reveste-se de importância para o turismo, pois é um ponto de confluência de três grupos humanos – os turistas, os trabalhadores temporários e a comunidade receptora (necessidades e interesses distintos);
  • Turistas: dispõem de condições socioeconômicas que lhes permitem o “consumo” do lazer (processo de migração voluntário);
  • Trabalhadores temporários: migram para melhorar suas condições de vida (disposição para trabalhar e se emancipar);
  • Comunidade receptora: mescla de subgrupos e indivíduos (heterogeneidade); sofrem influência do SISTUR (benéficas ou maléficas); relacionamento conflituoso com os dois grupos anteriores (desajustes sociais).

13 - IMPACTOS

  • Aproximação entre povos propiciando trocas;
  • Falta de real interesse pela cultura visitada (experiência superficial que se restringe à compra de souvenirs);
  • Contrastes sócio-culturais: dificultam integração.

14 - ESTÁGIOS DE DESILUSÃO DE UMA COMUNIDADE RECEPTORA COM A ATIVIDADE TURÍSTICA

  • Euforia: entusiasmo; satisfação mútua;
  • Apatia: estabilização da atividade; turista é “meio” para obtenção de lucro fácil;
  • Irritação: saturação; localidade não consegue atender à demanda;
  • Antagonismo: turistas são vistos como responsáveis por problemas da localidade; desaparecem a polidez e o respeito mútuos;
  • Conscientização: ecossistema transformado; turismo cresce com ou sem aprovação da população.

15 - SUBSISTEMA CULTURAL

A cultura pode ser entendida como conjunto de crenças, valores e técnicas para lidar com o meio ambiente, compartilhado entre os contemporâneos e transmitido de geração em geração”. (BENI, op. cit.)

A diversidade cultural: artesanato, gastronomia, idioma, artes (cênica, plásticas, música), tradições, arquitetura, festas e história. O turismo pode contribuir de duas formas: diretamente, como resultado de uma experiência cultural que enriquece a população visitada e visitante com a aquisição dos valores que ambas possuem e indiretamente, que consiste no planejamento (antes da viagem) e na verificação natural de pontos de dúvida entre o turista e o estrangeiro.

16 - IMPACTOS

  • Valorização e preservação do patrimônio histórico – UNESCO: “Patrimônio da Humanidade” – Ouro Preto, Pelourinho, Olinda;
  • Valorização da herança cultural (festas religiosas - Círio de Nazaré – Pará);
  • Valorização do artesanato e da gastronomia;
  • Orgulho étnico: estímulo (imigrantes no Brasil – Oktoberfest.);
  • Comprometimento da autenticidade e da espontaneidade das manifestações culturais;
  • Descaracterização do artesanato ( “arte de aeroporto”);
  • Vulgarização das manifestações tradicionais (imagem simplista e estereotipada; festas e festivais produzidos como shows para atender à curiosidade);
  • Destruição do patrimônio histórico: ação predatória e vandalismo;
  • Arrogância cultural: contato direto com os nativos evitado (apresentações, exibições em ambientes especiais com ar-condicionado, poltronas confortáveis); banalização das crenças.

17 - ANIMAÇÃO TURÍSTICA CULTURAL

  • Considera-se a animação turística o conjunto das ações e técnicas dirigidas a motivar, promover e facilitar a maior e mais ativa participação do turista no desfrute e aproveitamento de seu tempo turístico, em todos os níveis e dimensões que este implica;
  • Animador turístico-cultural: envolver os turistas em experiências únicas e diferentes; propiciar a vivência de sonhos e ilusões.

18 - TURISMO CULTURAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

Sendo o turismo um instrumento de valoração dos atrativos culturais típicos de uma região ele deve interpretar de forma integrada o patrimônio natural e cultural (biodiversidade, cultura e história por meio da visão da comunidade local).

19 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade turística apresenta-se então como um sistema complexo e aberto onde variáveis vão influenciar no seu funcionamento. O SISTUR serve como modelo e referencial teórico para comprender-se a estrutura e a dinamicidade do turismo, visando organizar seu plano de estudo, considerando a necessidade, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificando posturas e princípios científicos, a fim de aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentalizar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARRETTO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Papirus, 1995. 159 p.

BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 2. ed. São Paulo: Editora SENAC, 1998. 427 p.

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BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e dá outras providências.

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COMISSÃO Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. 2. ed., Rio de Janeiro: FGV, 1998. 430 p.

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PIRES, P. dos S. O que é ecoturismo? em busca de uma resposta pela via da abordagem conceitual. In. Turismo Visão e Ação. Universidade Vale do Itajaí, Programa de Pós-graduação em turismo e Hotelaria-Mestrado. Ano 3, n.6. abr/set, 2000. Itajaí: ed. UNIVALI, 2000. p. 119-128.

RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. Campinas: Papirus, 1997. 199 p.

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SENAC. Respeito a natureza e a vida. In: Correio do SENAC. Rio de Janeiro: ano 53, nº 651, maio/junho de 2002. p. 2 - 4

SUDAM/OEA. Oferta turística da Região Amazônia Brasileira. Belém: SUDAM, 1994.

SITES CONSULTADOS NA INTERNET

EMBRATUR. Disponível: http://200.236.105.128/destaque/artigo.htm. Acesso em 11 de abril de 2001.

CDROM

Educação Ambiental: Temas, teorias e práticas. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2001.



[1] Maximização é o aproveitamento total de um recurso, evitando seu desperdício e aumentando sua quantidade e qualidade. (BENI, 1998, p 60)