segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sistema Turístico - Apresentado ao Prf. Dr. Norbert Fenzel - Indicadores Ambientais

1 – INTRODUÇÃO

Ultimamente o turismo passou a ser visto como um importante instrumento para o desenvolvimento sócio-econômico mais racional de diversas localidades e, assim, do ponto de vista mercadológico, a atividade vem apresentando um rápido crescimento. A oferta de produtos turísticos depende essencialmente, da existência de áreas de elevado valor natural e cultural, da maneira como essas áreas são geridas, da existência de infra-estrutura adequada e da disponibilidade de recursos humanos capacitados.

No Brasil, o Governo Federal também vem considerando o turismo como uma ferramenta que se reveste de grande importância para o desenvolvimento sócio-econômico do país. A diversidade de ecossistemas existentes no território brasileiro se constitui no principal produto a ser oferecido aos turistas. A Amazônia, por ser considerada a região mais rica em biodiversidade do planeta, apresenta um grande potencial para o desenvolvimento da atividade turística que, através de um planejamento ordenado, pode contribuir para o manejo de áreas de relevância ambiental e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida das populações tradicionais da Amazônia.

O trabalho aqui apresentado faz uma análise do Sistema do Turismo usando como principal referencial teórico a pesquisa bibliográfica através do livro Análise Estrutural do Turismo de Mário Carlos Beni.
2 – O SISTEMA DO TURISMO

A atividade turística se apresenta nos dias de hoje, como um fator econômico de grande importância no mundo todo, podendo trazer benefícios diretos e indiretos para as comunidades envolvidas através: de novos negócios e empregos, de rendimento adicional, de novas tecnologias, de uma maior consciência e proteção ambiental, da melhoria na infra-estrutura urbana e conseqüentemente na qualidade de vida das pessoas. Oscar de La Torre (apud BARRETTO, 1995) define o turismo como:

“um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural”.

Com a evolução gradual, porém acelerada do turismo como opção de desenvolvimento, os conceitos de sustentabilidade foram se incorporando às diversas atividades que fazem parte da atividade turística. Segundo PEARCE (apud BENI, 1998) o turismo sustentável é definido como maximização[1] e otimização da distribuição dos benefícios do desenvolvimento econômico baseado no estabelecimento e na consolidação das condições de segurança sob as quais serão fornecidos serviços turísticos, para que os recursos naturais sejam mantidos, restaurados e melhorados.

Para RUSCHMANN (2000) o conceito de Desenvolvimento Sustentável e aquele do turismo sustentável estão intimamente ligados à proteção do ambiente. Entretanto para a autora, encontrar o equilíbrio entre os interesses econômicos que o turismo estimula e um desenvolvimento da atividade que proteja o meio ambiente não é tarefa fácil. Não podemos considerar o turismo como uma atividade ideal, não impactante e não poluente, porém, pode ser praticado de maneira racional, duradoura e capaz de melhorar a qualidade de vida de uma grande parcela da população. É o turismo responsável, que atua com sustentabilidade, visando à conservação do patrimônio natural e cultural e desenvolvendo atividades lucrativas.

A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1992), entende o Desenvolvimento Sustentável como “um processo de transformação, no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”.

Segundo Fenzel (2008)

O conceito de Desenvolvimento Sustentável não é somente um modismo intelectual do final do Século XX, senão fruto dos graves problemas ambientais e socioeconômicos que a humanidade está enfrentando. As sociedades e nações do mundo em pleno processo de globalização e integração sócio-econômica estão percebendo claramente os limites dos recursos naturais do planeta. Mais ainda, os princípios e as maneiras em que esta integração mundial ocorre, produzem efeitos colaterais desastrosas, tais como impactos ambientais de dimensões planetárias, níveis de injustiça social crescentes e uma voracidade desenfreada em relação aos recursos naturais. A percepção destas limitações do modelo econômico globalizado traz conseqüências profundas na maneira de encarar o futuro da humanidade.

O Desenvolvimento Sustentável, por ser um conceito novo e muito amplo, vem sendo interpretado das maneiras mais diversas, sempre dependendo dos interesses específicos do usuário. As dificuldades deste conceito se devem ao grande numero de pontos de vista, do alto nível de abstração e da falta de elementos operacionais capazes de medir concretamente a sustentabilidade de um processo de desenvolvimento. Em outras palavras: é preciso construir uma ciência inovadora para a sociedade sustentável. (iden)

Para FENZEL de um modo geral, desenvolvimento sustentável pode ser definido levando-se em conta as seguintes metas e objetivos básicos:

- A taxa de consumo de recursos renováveis não deve ultrapassar a capacidade de renovação dos mesmos.

- A quantidade de rejeitos produzidos não deve ultrapassar a capacidade de absorção dos ecossistemas.

- Recursos não renováveis devem ser utilizados somente na medida em que podem ser substituídos por um recurso equivalente renovável.

Assim, podemos dizer que o conceito de desenvolvimento sustentável descreve um processo sócio-econômico ecologicamente sustentável e socialmente justo.

Hoje em dia observamos mudanças profundas dos velhos paradigmas em todas as áreas do conhecimento humano. O novo, ainda aparentemente frágil, já começa a demonstrar sua vitalidade. Pela primeira vez surgem formas de pensar o complexo, os sistemas complexos, abertos longe do equilíbrio. A ordem, o absoluto, o determinado, o equilíbrio e processos reversíveis se tornam casos particulares de um universo em evolução, onde predominam a complexidade, irreversibilidade e o desequilíbrio.

A partir desse contexto vão surgindo novas formas de refletir a realidade sócio-econômica de um mundo globalizado, o modo de produção, o mercado e a relação da sociedade com a natureza não humana. As tentativas de integrar os conhecimentos das ciências tradicionais numa teoria mais ampla capaz de criar parâmetros e indicadores e produzir uma imagem mais holística do processo sócio-econômico que estamos vivendo. Essas propostas buscam novos conceitos mais abrangentes e mais transparentes, onde o mercado deixa de ser uma nebulosa força da natureza, que justifica o massacre social de milhões de seres humanos e a voracidade crescente com que as bases energéticas e materiais da reprodução humana estão sendo consumidos e esgotados.

No intuito de obtermos uma abordagem detalhada sobre a medição do progresso do desenvolvimento sustentável, utilizando indicadores, precisamos ter em conta algumas características relativas a essa questão (DAHL apud FENZEL):

  1. “A sustentabilidade é, fundamentalmente, uma questão de manutenção de equilíbrio ao longo do tempo”.
  2. Sustentabilidade é “um conceito inerente de valor, à medida que implica responsabilidade tanto para a geração presente quando para as futuras gerações”.
  3. A avaliação de sustentabilidade vai desde uma escala familiar até a sociedade global e inclui, portanto, diversas unidades funcionais e níveis de organizações.
  4. Existem, pelo menos, quatro dimensões de sustentabilidade, as quais se inter-relacionam: a ambiental, a econômica, a social e a política-estrutural.

De acordo com BENI (op cit.) pode-se definir sistema como um conjunto de partes que interagem de modo a atingir um determinado fim, de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas, idéias ou princípios, logicamente ordenados e coesos com intenção de descrever explicar ou dirigir o funcionamento de um todo. Dessa forma, o conjunto encontra-se organizado em virtude das inter-relações entre as unidades, e seu grau de organização permite que assuma a função de um todo que é maior que a soma de suas partes.

Assim um sistema deve ter:

Meio Ambiente: conjunto de todos os objetos que fazem parte do sistema em questão, mas que exercem influências sobre a operação do mesmo;

Elementos ou unidades: as partes componentes do sistema;

Relações: os elementos integrantes do sistema encontram-se inter-relacionados, uns dependendo do outros, através de ligações que denunciam os fluxos;

Atributos: são as qualidades que se atribuem aos elementos,ou ao sistema , afim de caracterizá-los;

Entrada (imput): constituído por aquilo que o sistema recebe. Cada sistema é alimentado por determinados tipos de entrada;

Saída (output): produto final dos processos de transformação a que se submete o conteúdo da entrada;

Realimentação: (feedback): processo de controle para manter o sistema em equilíbrio;

Modelo: é a representação do sistema. Constitui uma abstração para facilitar o projeto e/ou análise do sistema. É utilizado por dois motivos básicos: porque simplifica o estudo do sistema, permitindo a análise de causa e efeito entre os seus elementos para conclusões de maior precisão; e pela responsabilidade de abranger a complexa totalidade das características e aspectos da realidade objeto de estudo.

As definições mais recentes de sistema complexo cobrem um conjunto de características pouco comuns á lógica da mecânica clássica. Por exemplo, sistemas abertos e auto-organizados se encontram longe do equilíbrio termodinâmico, o que significa que princípios de não – equilíbrio e da auto-organização são necessários para descrever tais sistemas. (FENZELl, op. cit.)

Por outro lado, a definição deve ser capaz de relacionar o espaço interno e o espaço externo do sistema. Assim, distinguimos três dimensões básicas de espaço-tempo em sistemas complexos:

a) Uma dimensão microscópica que descreve o espaço interno no nível dos elementos do sistema.

b) Uma dimensão mesoscópica, a interface que separa o espaço interno e externo da estrutura do sistema e se situa no nível da fronteira estrutural do sistema ·

c) Uma dimensão macroscópica, constituída pelo espaço além da fronteira estrutural, o ambiente relevante, ou campo de interação.

O campo de interação é a parte externa à fronteira estrutural, relevante para a reprodução energético-material do sistema como um todo. É o espaço de onde o sistema retira a energia e matéria necessária para a manutenção do seu estado de coerência estrutural e o transforma desta maneira.

BENI estabelece todo o seu pensamento a partir da definição do SISTUR, ou do sistema de turismo:

“reduzir a complexidade do fato e do fenômeno do Turismo a um modelo referencial inédito, que utiliza a noção de sistema para retratar toda a riqueza e dinâmica das variáveis envolvidas, permitindo obter uma conformação e também uma confirmação ordenadas de como se processam os movimentos e as inter-relações das funções turísticas com os componentes do Sistema de Turismo (Sistur), propiciando aos pesquisadores a construção de modelos quantitativos”

3 – AS RELAÇÕES DO SISTUR

O turismo é um “conjunto de deslocamentos voluntários e temporais determinados por causas alheias ao lucro”. (ARRILLAGA, 1976) ou “atividade de transporte, cuidado, alimentação e entretenimento do turista”. (LINDBERG, 1974), ao redor do turismo formou-se uma rede de relações que caracterizam seu funcionamento. Essas relações formam um sistema.

  • Ambiente: matéria-prima (conjunto das relações ambientais);
  • Organização estrutural: políticas públicas, a oferta de infra-estrutura urbana e de acesso, equipamentos e serviços de apoio (conjunto da organização estrutural);
  • Conjunto de pessoas e empresas que oferecem bens e serviços mais os consumidores (conjunto das ações operacionais);

O universo do turismo:

  • Sistema complexo e abrangente;
  • Expande-se, muda de forma;
  • Está sujeito à interferência de inúmeras variáveis (sistema aberto);
  • Interliga-se a todas as áreas do ambiente natural, da vida pessoal e da organização social.

O SISTUR é o modelo referencial teórico para compreensão da estrutura e dinâmica da atividade turística, sendo seus objetivos organizar o plano de estudos da atividade de turístico, levando em consideração a necessidade, há muito tempo demonstrada nas obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentalizar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo; inventariar, de forma estruturada e sistêmica, o potencial de recursos turísticos naturais e culturais do território para a exploração racional da atividade de turismo e recreação;qualificar e determinar a demanda e a oferta existente e/ou projetada de bens e serviços turísticos; diagnosticar deficiências, pontos críticos, de estrangulamento e desajustes entre a oferta e a demanda; formular diretrizes de reorientação de programas de ação para determinar o planejamento estratégico de desenvolvimento do setor; planejar, executar o desenvolvimento do produto turístico, bem como avaliar e executar campanhas de promoção do produto turístico (plano integral de marketing); organizar a atividade de turismo na estrutura administrativa do setor público; analisar o significado econômico do turismo e seu efeito multiplicador no desenvolvimento nacional.

4 - POR QUE SISTEMA DE TURISMO?

A atividade apresenta-se como um fenômeno sociocultural e vem se firmando como ciência (conjunto de modelos, padrões para explicar a verdade). Tem um caráter inter e multidisciplinar não sendo uma manifestação isolada: interligação entre o ambiente natural e o social. Modelo referencial que deve retratar a configuração da atividade.

5 - COMPONENTES:

  • Conjunto das Relações Ambientais – RA (dimensão do SISTUR)
  • Conjunto da Organização Estrutural – OE (estrutura do SISTUR)
  • Conjunto das Ações Operacionais – AO (dinâmica do SISTUR)

6 - CONJUNTO DAS RELAÇÕES AMBIENTAIS:

  • Ecológico (a natureza e seu uso para o turismo);
  • Social (o homem e sua organização social, sua relação com o mundo);
  • Econômico (o homem e a organização dos processos produtivos – distribuição e intercâmbio dos meios materiais da vida na sociedade);
  • Cultural (intervenção do homem no espaço natural – suas manifestações, produções);
  • Sistema aberto: realiza trocas com o meio que o circunda;
  • Seu crescimento depende de uma série de variáveis (exemplo: capacidade de suporte dos ecossistemas naturais, mais qualitativo do que quantitativo);
  • Mantém processo contínuo de relações dialéticas de conflito e colaboração com o meio circundante;
  • Forças opostas (econômico x ecológico x cultural) muitas vezes impedem a regeneração ou conservação da qualidade do subsistema e desequilibram o sistema, gerando “colapso turístico”;
  • Necessidade de retroalimentar o sistema, à luz da experiência, a teoria para priorizar a qualidade do espaço turístico (ênfase na qualidade do ser e das coisas; um repensar sobre o que é o homem e o que deve fazer no planeta).
  • Turismo: seu papel de provocar mudanças (injeção de energia e informação para promoção de novas atitudes e realizações humanas).

7 - SUBSISTEMA ECOLÓGICO

O homem moderno está em busca do lazer para fugir das “cadeias diárias” e sente uma necessidade crescente de novas alternativas no uso do tempo livre (escalar, dormir ao relento, caminhadas, banhos de cachoeira, contemplação da natureza, descoberta de novos lugares); O subsistema ecológico abrange a contemplação e o contato com a natureza (onde são analisados – espaço turístico natural e urbano e seu planejamento territorial, atrativos turísticos e conseqüências do turismo sobre o meio ambiente conservação da flora, fauna e paisagens); a ecologia é o “sustentáculo de todas as manifestações de vida planetária e do SISTUR.

O planejamento requer a compreensão sobre os vários tipos de espaço físico. Segundo BOULLÓN os espaços dividem-se em:

  • Espaço real: crosta terrestre (superfície e biosfera), é real porque podemos comprovar sua existência (onde nos deslocamos e é o que modificamos);
  • Espaço potencial: possibilidade de uso de um território (imaginação dos planejadores);
  • Espaço natural adaptado: espaço rural (atividades produtivas como: arar e semear, construir canais de irrigação, desmatar, plantar novas árvores, criar gado, explorar jazidas naturais);
  • Espaço artificial: predominância de artefatos construídos pelo homem – as cidades; também chamado de espaço urbano;
  • Espaço natural virgem: áreas (escassas) sem interferência humana (preservado);
  • Espaço vital: refere-se ao homem e outras espécies unicelulares, vegetais e animais e ao seu entorno;
  • Espaço turístico: espaço físico onde se concentram os atrativos turísticos (componente do patrimônio turístico). Os componentes são: zona, área, complexo, centro, unidade, núcleo, conjunto, corredor, corredor de traslado ou transporte e corredor de estada.

Os atrativos turísticos são elementos passíveis de provocar deslocamentos (grau de atratividade) e podem ser naturais e culturais. Sendo os atrativos mais as facilidades igual ao produto turístico. Os atrativos são considerados matéria-prima que serve de base para o planejamento do turismo num determinado lugar e o que motivam o deslocamento, é o diferencial de um lugar para o outro.

A conservação dos recursos turísticos naturais exige a aplicação das seguintes normas ecológicas:

  • Estratégia: planejamento dos recursos turísticos naturais com projetos em harmonia com sua quantidade e qualidade
  • Preservação: proibição da intervenção humana
  • Reutilização: utilização de um recurso tantas vezes quantas seja possível
  • Substituição: utilização de outros em lugar daqueles em vias de extinção (alternativas)
  • Uso integral: uso múltiplo de um recurso que tem que ser útil ao homem; satisfazer suas necessidades.

Medidas:

  • Educação ambiental: população residente e turistas;
  • Capacitação profissional:guias especializados, monitores;
  • Estudo de impacto ambiental: análise por equipe multidisciplinar;
  • Capacidade de carga: número máximo de visitantes que o atrativo suporta;
  • Plano de manejo: conjunto de normas de uso de uma área e gestão;
  • Controle ambiental: programas e projetos fiscalizados por agentes públicos e por ONGs.

8 - SUBSISTEMA ECONÔMICO

A dimensão econômica do turismo se dá por ser uma atividade cujo propósito é satisfazer necessidades expressas no mercado mediante a disposição do consumidor de pagar o preço dos serviços requeridos, o que leva as empresas a fornecê-los”. (BENI, op. cit.). É um dos cinco principais produtos geradores de divisas da economia mundial.

Sua Cadeia produtiva é mobilizada para atender as necessidades que este demanda; todos os participantes se beneficiam. Como por exemplo o caminho do grão de trigo desde a semeadura até ser transformado em pão e chegar à mesa do café da manhã em um hotel.

9 - RENDA TURÍSTICA:

  • Atividades do turismo: hotelaria, equipamentos complementares de alimentação, agências de viagens, operadoras de turismo, outros;
  • Atividades de ramos prestadores de serviços turísticos: empresas de transportes, bancos, estabelecimentos comerciais, de espetáculos, de entretenimento, outros;
  • Setores (industriais, agrícolas ou de serviços) que se beneficiam do turismo: construção, alimentação, comunicação, obras de infra-estrutura, indústria em geral;
  • Salários, juros, lucros e aluguel;
  • Consumo privado: gastos dos turistas;
  • Consumo público: gastos do setor público no SISTUR (publicidade, custeio dos órgãos oficiais, crédito oficial a programas) é igual aos gastos com fomento à atividade;
  • Balanço turístico é igual aos gastos dos turistas/visitantes - gastos turísticos dos residentes de um país no exterior;
  • Exportação X Importação.

10 - EFEITOS ECONÔMICOS:

  • Aumento da renda nacional ;
  • Desenvolvimento de áreas “subdesenvolvidas”;
  • Geração de empregos e renda;
  • Sazonalidade X desemprego: “baixa estação” pode desempregar trabalhadores;
  • Dependência excessiva do turismo (a atividade fica vulnerável a variáveis – catástrofes naturais, guerras, terrorismo, etc)
  • Inflação e especulação imobiliária: elevação de preços
  • Atividade dos autóctones substituída por atividades ligadas ao turismo. Exemplo pescador que vira guia de turismo.

11 - SUBSISTEMA SOCIAL

Os desafios dos séculos XX e XXI, a globalização influenciando mudanças sociais e comportamentais – nova sociedade global. No Brasil as mudanças sociais ocorreram sem a contrapartida de uma estrutura econômica adequada (disparidades, contradições, tensões, conflitos), sendo assim, os principais geradores de desafios do mundo moderno que exigem respostas urgentes são:

  • Nova cultura, nova hierarquia de valores;
  • Sociedade consumista (“ter” mais importante que “ser”);
  • Sociedade pluralista que não consegue oferecer um projeto global perfeito de sociedade;
  • Mundo dividido entre ricos, pobres e miseráveis (desigualdades);
  • Sociedade democrática: a autoridade está ligada mais no conteúdo de seus líderes do que na sua pessoa ( a crítica é expressão normal);
  • Sociedade dinâmica:o saber é fruto de busca constante e tenaz (não é patrimônio adquirido);
  • Sociedade em que a juventude constitui uma cultura à parte;
  • Sociedade em que a família é cada vez mais reduzida;
  • Mundo secularizado: horizonte dos interesses humanos já não coincide com o horizonte religioso (desvinculação religiosa da realidade político-social).

12 - TURISMO X MOBILIDADE

Mobilidade são os contatos entre as pessoas que amplia e enriquece as maneiras de pensar e agir (horizontes culturais) contribuiu com uma nova fisionomia (rompeu fronteiras). Em todos os tempos sempre existiu, mais ou menos latente, em uma considerável porção da humanidade, o desejo de evadir-se, de mudar de lugar, a curiosidade de conhecer novas paisagens e imagens desconhecidas, o desejo de transplantar-se voluntariamente a outros solos ou, inclusive, se fosse possível, a outros mundos.

O turismo é uma das formas mais importantes de mobilidade humana (fenômeno socioeconômico) através:

  • Motivação turística: razão que o turista tem para efetuar a viagem;
  • Comportamento individual - estrutura de gastos – duração da permanência – freqüência da visita;
  • A realidade sociológica do SISTUR: comunidade autóctone é a que recebe importantes grupos em mobilidade (turistas e os trabalhadores temporários – a população flutuante);
  • A comunidade autóctone: reveste-se de importância para o turismo, pois é um ponto de confluência de três grupos humanos – os turistas, os trabalhadores temporários e a comunidade receptora (necessidades e interesses distintos);
  • Turistas: dispõem de condições socioeconômicas que lhes permitem o “consumo” do lazer (processo de migração voluntário);
  • Trabalhadores temporários: migram para melhorar suas condições de vida (disposição para trabalhar e se emancipar);
  • Comunidade receptora: mescla de subgrupos e indivíduos (heterogeneidade); sofrem influência do SISTUR (benéficas ou maléficas); relacionamento conflituoso com os dois grupos anteriores (desajustes sociais).

13 - IMPACTOS

  • Aproximação entre povos propiciando trocas;
  • Falta de real interesse pela cultura visitada (experiência superficial que se restringe à compra de souvenirs);
  • Contrastes sócio-culturais: dificultam integração.

14 - ESTÁGIOS DE DESILUSÃO DE UMA COMUNIDADE RECEPTORA COM A ATIVIDADE TURÍSTICA

  • Euforia: entusiasmo; satisfação mútua;
  • Apatia: estabilização da atividade; turista é “meio” para obtenção de lucro fácil;
  • Irritação: saturação; localidade não consegue atender à demanda;
  • Antagonismo: turistas são vistos como responsáveis por problemas da localidade; desaparecem a polidez e o respeito mútuos;
  • Conscientização: ecossistema transformado; turismo cresce com ou sem aprovação da população.

15 - SUBSISTEMA CULTURAL

A cultura pode ser entendida como conjunto de crenças, valores e técnicas para lidar com o meio ambiente, compartilhado entre os contemporâneos e transmitido de geração em geração”. (BENI, op. cit.)

A diversidade cultural: artesanato, gastronomia, idioma, artes (cênica, plásticas, música), tradições, arquitetura, festas e história. O turismo pode contribuir de duas formas: diretamente, como resultado de uma experiência cultural que enriquece a população visitada e visitante com a aquisição dos valores que ambas possuem e indiretamente, que consiste no planejamento (antes da viagem) e na verificação natural de pontos de dúvida entre o turista e o estrangeiro.

16 - IMPACTOS

  • Valorização e preservação do patrimônio histórico – UNESCO: “Patrimônio da Humanidade” – Ouro Preto, Pelourinho, Olinda;
  • Valorização da herança cultural (festas religiosas - Círio de Nazaré – Pará);
  • Valorização do artesanato e da gastronomia;
  • Orgulho étnico: estímulo (imigrantes no Brasil – Oktoberfest.);
  • Comprometimento da autenticidade e da espontaneidade das manifestações culturais;
  • Descaracterização do artesanato ( “arte de aeroporto”);
  • Vulgarização das manifestações tradicionais (imagem simplista e estereotipada; festas e festivais produzidos como shows para atender à curiosidade);
  • Destruição do patrimônio histórico: ação predatória e vandalismo;
  • Arrogância cultural: contato direto com os nativos evitado (apresentações, exibições em ambientes especiais com ar-condicionado, poltronas confortáveis); banalização das crenças.

17 - ANIMAÇÃO TURÍSTICA CULTURAL

  • Considera-se a animação turística o conjunto das ações e técnicas dirigidas a motivar, promover e facilitar a maior e mais ativa participação do turista no desfrute e aproveitamento de seu tempo turístico, em todos os níveis e dimensões que este implica;
  • Animador turístico-cultural: envolver os turistas em experiências únicas e diferentes; propiciar a vivência de sonhos e ilusões.

18 - TURISMO CULTURAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL E REGIONAL

Sendo o turismo um instrumento de valoração dos atrativos culturais típicos de uma região ele deve interpretar de forma integrada o patrimônio natural e cultural (biodiversidade, cultura e história por meio da visão da comunidade local).

19 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade turística apresenta-se então como um sistema complexo e aberto onde variáveis vão influenciar no seu funcionamento. O SISTUR serve como modelo e referencial teórico para comprender-se a estrutura e a dinamicidade do turismo, visando organizar seu plano de estudo, considerando a necessidade, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificando posturas e princípios científicos, a fim de aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentalizar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO MUNICÍPIO DE BELÉM, 1998.

BARRETTO, M. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas: Papirus, 1995. 159 p.

BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 2. ed. São Paulo: Editora SENAC, 1998. 427 p.

BOO, Elizabeth. O planejamento ecoturístico para áreas protegidas. In: LINDBERG, K., HAWKINS, D. (orgs.). Ecoturismo: um Guia para Planejamento e Gestão. São Paulo: Editora SENAC, 1995. p. 33-57.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e dá outras providências.

CEBALLOS-LASCURÁIN, H. Ecoturismo como um fenômeno mundial. In: LINDBERG, K, HAWKINS, D (orgs.). Ecoturismo um guia para planejamento e gestão. São Paulo: Editora SENAC, 1995. p. 25-29.

COMISSÃO Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. 2. ed., Rio de Janeiro: FGV, 1998. 430 p.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO – OMT. Desenvolvimento do turismo sustentável – Manual para organizadores locais. Brasília: EMBRATUR, 1993. 217 p.

treinamento dos agentes multiplicadores e monitores. Brasília: OMT, 1994. 46 p.

PIRES, P. dos S. O que é ecoturismo? em busca de uma resposta pela via da abordagem conceitual. In. Turismo Visão e Ação. Universidade Vale do Itajaí, Programa de Pós-graduação em turismo e Hotelaria-Mestrado. Ano 3, n.6. abr/set, 2000. Itajaí: ed. UNIVALI, 2000. p. 119-128.

RUSCHMANN, D. Turismo e planejamento sustentável: a proteção do meio ambiente. Campinas: Papirus, 1997. 199 p.

SEABRA, G. Ecos do turismo. Turismo ecológico em áreas protegidas. Campinas: Papirus, 2001. 95 p.

SENAC. Respeito a natureza e a vida. In: Correio do SENAC. Rio de Janeiro: ano 53, nº 651, maio/junho de 2002. p. 2 - 4

SUDAM/OEA. Oferta turística da Região Amazônia Brasileira. Belém: SUDAM, 1994.

SITES CONSULTADOS NA INTERNET

EMBRATUR. Disponível: http://200.236.105.128/destaque/artigo.htm. Acesso em 11 de abril de 2001.

CDROM

Educação Ambiental: Temas, teorias e práticas. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2001.



[1] Maximização é o aproveitamento total de um recurso, evitando seu desperdício e aumentando sua quantidade e qualidade. (BENI, 1998, p 60)

Nenhum comentário: